segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Quebra de promessas

Posso dizer que minha relação com a Odontologia foi um caso de amor à segunda vista. Apesar da escolha pelo curso não ter sido a minha intenção inicial, durante os 5 anos de faculdade fui me apaixonando pelo meu futuro ofício, sentia prazer em descobrir como sanar e prevenir os problemas bucais. Após percorrer toda a estrada da graduação,estava pronta para entrar no mercado de trabalho e tinha as expectativas e sonhos que a maioria tem assim que conclui esta etapa.
Deparei-me basicamente com as seguintes opções de trabalho:

1)montar um consultório comprando os equipamentos ou alugando turnos em salas já prontas; o que exigia um investimento financeiro inicial que eu recém-formada não dispunha;

2) tentar trabalhar para o governo através de um Programa de Saúde da Família; o ingresso num PSF teoricamente exigiria horas, dias, meses de estudos a fio, mas em geral não se trata de concurso público e sim do popular ” Q.I (quem indica)”, ou “pistolão”, sendo pré-requisito básico para trabalhar como membro da equipe ter uma espécie de “apadrinhamento” político, o que me deixava fora desta disputa;

3)estudar para disputar vagas de odontólogos em concursos em órgãos públicos; esta seria uma opção a longo prazo que adiaria os planos de começar a trabalhar logo;

4) fazer um mestrado e tentar enveredar pela área acadêmica; assim como a alternativa anterior implicava em não ter aplicabilidade imediata no mercado de trabalho, a não ser que não fosse dedicação exclusiva;além de exigir investimento fineceiro que na área da Odontologia não sai por menos de mil reis mensais.

5) prestar serviço para clínicas recebendo uma porcentagem sobre a produção; esta foi para mim a maneira mais oportuna, pois teria que fornecer a mão-de-obra, sem ter os custos operacionais de manutenção de um consultório como materiais, equipamentos e contratação de funcionários. A maioria das clínicas trabalha com o percentual de 60% para elas e 40% para os dentistas, mas já vi casos em que o dentista recebe 30, 35% da sua produtividade.

Diante de tantas formas de trabalho, é inegável que desemprego na Odontologia é difícil, mas muitas vezes o profissional depara-se com situações que colocam em xeque seu prazer em trabalhar e até mesmo a ética. Senti isso na pele quando recebi o convite para trabalhar em uma clínica popular no bairro da Lapa, em Salvador. No meu primeiro dia não tinha a agenda cheia de pacientes, diante da ociosidade, a dona do local me chamou para observá-la enquanto ela atendia os pacientes no box ao lado do qual eu trabalharia. Me deparei com tantas coisas erradas que não acreditava no que via! A dentista, se é que ela pode ser considerada uma profissonal na área de saúde, reaproveitava até mesmo materiais descartáveis. Fiquei praticamente em transe quando a profissional(?)usou um par de luvas em um paciente, lavou-o, ao invés de descartar e atendeu uma segunda pessoa com o mesmo material. Naquele momento senti uma grande frustração. Não imaginava como um ser humando era capaz de fazer isso com um semelhante e a sensação de impotência era muito forte. Achei que não cabia a mim passar um sermão na dita odontóloga,apenas me retirei do local e liguei imediatamente para a vigilância sanitária relatando o ocorrido.
Este tipo de situação é muito complexo, e fechar os olhos para algo tão grave seria inaceitável, me faria acreditar que no dia da colação de grau teria proclamado em vão o texto abaixo:
" Eu juro, / no exercício de minha profissão de
CIRURGIÃO DENTISTA,/ ser sempre fiel aos
deveres da honestidade,/ da ciência e da caridade,/
jamais me servindo da mesma para favorecer o
crime/ ou corromper os costumes /ou desmerecer
a Odontologia."
Esta é a parte introdutória do juramento dos futuros odontólogos.Seria válido que todos os profissionais remetessem ao momento em que se comprometeram a zelar pela profissão escolhida e levassem adiante o que foi prometido.


fuce.com.br

domingo, 20 de dezembro de 2009

Caindo de pára-quedas

A escolha de uma profissão pode ser comparada a de um parceiro para um relacionamento. Espera-se que o casamento seja perfeito e duradouro, semelhante aos contos de fadas que encantam nossa infância. A composição de Renato Russo imortalizada na voz de Cássia Eller diz que " o pra sempre, sempre acaba", a frase destinada a retratar o ponto final em um relacionamento pode ser também enquadrada quando finda uma estória de amor com a profissão um dia tão sonhada.
Minha relação com a Odontologia surgiu meio que por acaso (ou totalmente) há 11 anos. Prestei vestibular em 1998 após um ano de cursinho, para medicina, odontologia e comunicação social. A tentativa de ingressar em universos tão distintos é explicada pela ansiedade de alguém que está com muita vontade de iniciar sua vida profissional e acredita ter aptidões em diferentes áreas. Sempre adorei escrever, queria me tornar uma escritora, mas como não havia vestibular para isso e sim talento aliado a sorte e contatos em editoras, não tentei enveredar por este lado. Comunicação social mostrava-se como uma chance de me aproximar deste mundo, assim escolhi esta opção para tentar entrar o ingresso na UNEB (Universidade do Estado da Bahia).
Numa outra universidade pública, a UFBA (Universidade Federal da Bahia) optei por medicina. A fascinação pelo ambiente hospitalar, a imagem de "semi deuses" que eu via os médicos, com papel decisivo de salvar vidas era algo que me atraía muito. Era o que eu desejava ser "quando crescer" de fato.
A opção pela odontologia não foi planejada, posso dizer que foi fruto do acaso e talvez de desespero frente ao estresse pré- vestibular. Fiquei preocupada com a concorrência e o alto nível dos candidatos para medicina, quando surgiu o curso de odonto na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e preferi optar por tentar entrar na turma inaugural a concorrer a uma das vagas do já consagrado curso de medicina.
Passei em comunicação social e odontologia. Optei por fazer odontologia, apesar de não ser o que eu queria exatamente achei que estaria mais próxima ao universo que me imaginava, pelo menos estaria na área de saúde. Assim acabei "caindo de pára-quedas" na minha área profissional.






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