segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lapidando a porta de entrada

A recepção de uma clínica odontológica tem um grande papel na conquista e manutenção dos pacientes. Desajustes neste rol de entrada podem levar por água abaixo todo o trabalho do odontólogo, por mais bem quisto que ele seja por seu cliente.
Obviamente, a função de um recepcionista é receber bem aquele que chega. Todo paciente espera ser recepcionado de forma agradável, e o comportamento do dentista deve ser uma extensão do que se inicia na sala da recepção.
Certa feita passei por uma situação muito desagradável que ilustra perfeitamente como uma falha na recepção pode prejudicar todo o relacionamento cirurgião-dentista/paciente. Como a primeira paciente da manhã já me aguardava, iniciei meu trabalho às 08:30h pontualmente. Atendi os três primeiros clientes de 08:30h, 09:00h e 09:30h sem problemas, e às 10:00h a recepção avisou que a paciente de 10:30 havia chegado, mas o de 10:00h não. Às 10:15h perguntei novamente sobre o paciente de 10:00h e a auxiliar me falou que ele não havia chegado. Visto que a tolerância de espera de 15 minutos havia se encerrado comecei a atender o paciente de 10:30h, encerrando seu tratamento às 11:00h. Eu já ia chamar a pessoa do horário quando a auxiliar me falou que os pacientes de 10:00 e 11:00h horas estavam me aguardando. Neste momento não entendi nada! Perguntei a acd o que havia acontecido, e pra minha surpresa ela disse que a paciente de 10:00h havia chegado no horário, mas que a recepção so havia dito isso às 11:00h. Interfonei para a recepção e uma das recepcionistas disse que "tinham" avisado que a paciente havia chegado na hora que ela chegou ao consultório, questionei quem avisou, e ela disse que não sabia, que não se lembrava qual das duas recepcionistas havia feito o comunicado. A outra funcionária estava transitando pela clínica, ouviu a minha conversa, veio até o meu boxe de atendimento e ditou o mesmo texto que sua colega. Complexo entender como haviam comunicado a presença da paciente, mas não lembravam qual das duas tinha dado o recado e muito menos quem foi o interlocutor. Além disso, a recepcionista se dirigiu a mim com extrema arrogância, peculiariedade que outros odontólogos da clínica já haviam se queixado, e iniciou comigo uma verdadeira discussão com voz num tom bem alterado. Àquela altura eu já estava irritada o bastante e, erroneamente, respondi na mesma entonação que ela. Expus que era um absurdo duas recepcionistas esquecerem de avisar a chegada da paciente e não assumirem o erro. Infelizmente a cliente escutou trechos do bate boca e entendeu que eu não queria atendê-la, se retirou do consultório, retornando um tempo depois portando uma carta destinada à direção da clínica expressando seu mal estar.
Levei o caso aos membros da administração da clínica que posteriormente me comunicaram que após conversar com as recepcionistas ficou comprovado que eu não tive culpa e elas assumiram que esqueceram de avisar que a paciente havia chegado.
Mesmo com esta "absolvição" tive um enorme desgaste que me deixou muito reflexiva. Sempre tratei muito bem todos os funcionários dos locais que trabalho. Mas diante da postura daquela recepcionista me questiono até que ponto devo pensar numa empresa como uma espécie de família. Lógico que o bom convívio é fundamental no ambiente de trabalho, mas deve ser assimilado que ele não se fundamenta em relações afetivas. Assim, deve haver uma postura de certo distanciamento, que minimize a intimidade para dificultar a ocorrência de discussões, comuns entre família e amigos. Os pontos de atrito precisam ser resolvidos num nível mais objetivo e ser racional é fundamental, evitando-se ao máximo brigas em tom acalorado(mas haja sangue de barata!).
Esta passagem retrata, ainda, claramente como a imagem do profissional pode ficar manchada por um problema que teve origem fora da sua alçada. Em um consultório é necessário que exista uma parceria, um trabalho em equipe e uma falha em qualquer ponto pode comprometer toda a estrutura.

6 comentários:

  1. É verdade, a recepção faz 50% da casa, afinal são quem dão a cara primeiro. Gostei do texto.

    Abs

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  2. as vezes temos que usar a hierarquia mesmo, infelizmente

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  3. Gostei do seu blog, você tem um bom texto. Foi legal achar um blog como o seu, pois estou exatamente fazendo uma pesquisa sobre mercado de trabalho odontológico. Continue postando que acompanharei (adicionei no meu blog).

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  4. incrivel. ja passei por essa situação, mas como paciente. eu fazia tratamento em um consultório onde a recepcionista atendia mal e ficava ao telefone sem para. realmente é uma sensaçao muito desagradável.
    dê uma passadinha no meu blog. www.tocadocogumelo.blogspot.com e será bem vindo ao meu seguir.

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  5. a recepção e principalmente a recepcionista são 50% do consultorio, porem muitas se acham superiores as dentistas e querem ate dizer o paciente se a dentist vai atender ou nao se ele chegar atrasado sem muitas vezes nem nos comunicarem. ja teve caso do paciente ja sendo consultorio e estar para viajar para fora, querendo marcar para fazer todo o tratamento particular em pouco tempo e as recepcionistas que nao gostam muito de trabalhar, simplesmente dizerem que a agenda esta muito cheia e que o dentista não tem condições de encaixar, quando na verdade elas nem nos comunicam!!! apenas não podem passar nem um minuto do horario de trabalho!!!!!!

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