*Manifestações nudistas;
*Pichações em muros;
*Anulação de votos ou optar por candidatos que baseiam suas campanhas políticas em promessas esdrúxulas;
*Organização de passeatas...
Protestar implica em tentar chamar a atenção das pessoas para alguma causa, e os meios acima são formas recorrentes para tal finalidade.
Pensei em inúmeras formas de protestar contra a atual situação da Odontologia brasileira. Queria algo imediato e de grande alcance, e acreditei que a internet seria a melhor maneira de difundir as minhas idéias e manifestar minha insatisfação. Assim, nasceu o blog Dentista em Apuros!! .
Paralelamente ao blog, criei um Orkut, de cunho profissional, através do qual me tornei membro de comunidades voltadas para assuntos relacionados à Odontologia contra convênios. Com isso, objetivei angariar parceiros para esta batalha, mas percebi que trata-se de uma verdadeira guerra. Participei ativamente, criando tópicos em fóruns, levantando questões de combate às operadoras e propondo a união da classe de dentistas. No entanto, confesso que senti certa frustração ao ver que assuntos como “odontóloga participante do Big Brother Brasil trabalha com registro do CRO provisório” geravam muito mais discussão do que o tema” convênio reduz tabela de honorários de dentistas”, por exemplo.
Além da grande difusão dos convênios odontológicos e veiculação de suas baixas tabelas de repasse, a desunião dos odontólogos é um agravante no quadro atual.
Vamos nos unir e divulgar iniciativas que visem melhorias para a classe. Friso que o blog não é meu, é NOSSO. Sendo uma forma um pouco mais discreta, mas não menos efetiva, de chamar a atenção do que andar com uma melancia pendurada no pescoço.
Este blog é uma forma de protestar contra a degradação da odontologia no Brasil. Uma tentativa de chamar a atenção ao desrespeito contra a classe de dentistas, sobretudo devido à ação dos convênios. Para tanto conto aqui passagens desde a minha decisão de ingressar na Odontologia até a decepção em relação à profissão. Diante da situação que me deparo a cada dia cansei de ficar com os braços cruzados e resolvi dar de algum modo meu grito de socorro, dê o seu!!
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
Nem tudo são espinhos
É certo que todas as rosas têm espinhos, mas apesar disso a beleza destas flores é indiscutível. Fazendo uma analogia da Odontologia com as rosas, com certeza os convênios são os espinhos!
Mas, pensando na parte bela vale lembrar que nem tudo são espinhos. Os dentistas venceram uma batalha na luta contra o convênio que há alguns meses havia reduzido sua tabela de repasse de honorários. Após diversas reuniões com a participação de profissionais, representantes das entidades de classe(CROBA, ABO e SOEBA)e o convênio odontológico, firmou-se um acordo. A operadora estabeleceu retorno à tabela anterior à redução e mais 6% de aumento. Somado a isso, ficou-se de resolver,sobre uma data base as questões burocráticas e um novo reajuste de mais 4%. A informação consta no site do CROBA de 31/05/2010.
http://www.croba.org.br/noticias.php?MjQz
O novo reajuste de 4% ainda não foi executado, mas as classes que representam a categoria odontológica prometeram engajar-se na luta contra aqueles que promovem a desvalorização profissional. Os representantes propuseram negociar também com outros convênios uma melhor remuneração.
Apesar da guerra ainda estar longe do fim, não há como não comemorar esta vitória e parabenizar aqueles que lutaram pelo seu alcance.
Mas, pensando na parte bela vale lembrar que nem tudo são espinhos. Os dentistas venceram uma batalha na luta contra o convênio que há alguns meses havia reduzido sua tabela de repasse de honorários. Após diversas reuniões com a participação de profissionais, representantes das entidades de classe(CROBA, ABO e SOEBA)e o convênio odontológico, firmou-se um acordo. A operadora estabeleceu retorno à tabela anterior à redução e mais 6% de aumento. Somado a isso, ficou-se de resolver,sobre uma data base as questões burocráticas e um novo reajuste de mais 4%. A informação consta no site do CROBA de 31/05/2010.
http://www.croba.org.br/noticias.php?MjQz
O novo reajuste de 4% ainda não foi executado, mas as classes que representam a categoria odontológica prometeram engajar-se na luta contra aqueles que promovem a desvalorização profissional. Os representantes propuseram negociar também com outros convênios uma melhor remuneração.
Apesar da guerra ainda estar longe do fim, não há como não comemorar esta vitória e parabenizar aqueles que lutaram pelo seu alcance.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Os 15 minutinhos...
É notório que os brasileiros não se enquadram na chamada PONTUALIDADE BRITÂNICA, mas os pacientes não têm noção do quanto o desrespeito à hora marcada num consultório odontológico determina o caos na agenda do cirurgião- dentista.
O tempo de agendamento de uma consulta envolve inúmeros fatores os quais incluem o tipo e a quantidade de procedimentos a serem realizados, a velocidade média com a qual o profissional executa seus tratamentos, além de peculiariedades como atendimento a pacientes portadores de necessidades especiais. Analisando uma consulta clínica padrão com agendamento de 30 minutos, se o paciente atrasa sua chegada ao consultório em "15 minutinhos" (tempo médio de tolerância que os profissionais dão para o cliente) as consultas seguintes serão prejudicadas. O período de 15 minutos pode parecer um intervalo mínimo e sem importância, mas levando em conta que trata-se de metade da consulta agendada,o tempo perdido é muito grande. Para pacientes que possuem convênios odontológicos a situação piora, visto que após sua chegada ao consultório o atendimento só é liberado depois que diante de posse do RG e carteira do plano, o atendente pegar a autorização do procedimento, e isto em geral é um processo burocrático que dispende mais tempo. Assim o atraso de "15 minutinhos" faz com que o paciente sente-se à cadeira do dentista com cerca de 20/25 e até 30 minutos após o horário que ele estava agendado. Assim, há invasão da consulta seguinte e cria-se uma verdadeira "bola de neve" de atrasos sequenciais. Deste modo, uma pessoa que chega pontualmente à clínica para realizar seu tratamento irá ser prejudicada, e o dentista muitas vezes acaba sendo pressionado para agilizar os procedimentos, visto que algumas pessoas ficam insatisfeitas e reclamando na recepção.
Em uma ocasião tive que me impor diante do questionamento de um paciente. Ele marcou uma consulta de 30 minutos, chegou com atraso de 25 minutos e solicitei que ela remarcasse o agendamento. Na semana seguinte ele compareceu pontualmente e eu estava atrasada. Pedi que avisassem que ele não seria atendida no horário marcado, até para que ele ficasse à vontade para remarcar sua consulta caso tivesse algum outro compromisso, e ele prontamente respondeu " muito bonito, a dentista pode atrasar e eu não". Quando ele entrou no consultório, após dar-lhe bom dia e me desculpar pelo atraso pedi que ele se sentasse para conversarmos. Prontamente expliquei a ele a diferença entre o atraso do profissional e do paciente:
=> O atraso do profissional: Particularmente eu não costumo atrasar, mas isso ocorre geralmente quando algum(ns) paciente(s) chegou(aram) atrasado(s) à consulta criando o processo "bola de neve" que expus, por aparecer algum procedimento de urgência que necessita ser encaixado na agenda profissional, ou por ter existido alguma intercorrência ao longo de procedimentos odontológicos realizados como um paciente passar mal na cadeira ou a necessidade de mudança do tratamento que demoram mais do que o previsto.
=> O atraso do paciente: O paciente tem por obrigação chegar com pelo menos 15 minutos de antecedência do horário agendado para agilizar o seu atendimento e não prejudicar as consultas dos demais clientes. Se por ventura o paciente estiver atrasado, o ideal é que ligue para o consultório para saber como agir. O horário é agendado de forma programada para que o profissional atenda o paciente da melhor forma possível; atrasos prejudicam este planejamento e isso justifica a solicitação do profissional para que seja feita a remarcação do tratamento.
Muitos pacientes, como a pessoa que questionou o meu atraso encaram como uma "injustiça" o fato do profissional poder atrasar e o paciente não. Deve ser entendido que se trata do TRABALHO do odontólogo e que gostaríamos muito que tudo corresse rigorosamente no horário, até porque também tempos compromissos. Mas diante do que foi exposto é justificável que são os cuidados com os pacientes, na grande maioria das vezes, as causas dos atrasos por parte dos profissionais e que a remarcação dos clientes demasiadamente atrasados é muitas vezes necessária para o bom funcionamento da agenda do profissional, até por respeito aos demais.
O paciente deve encarar o tempo de tolerância que os profissionais lhe dão como uma alternativa que deve ser utilizada em situações imprenscindíveis e não usar este tempo como regra. Pior que os atrasos,é quando quando o paciente perde a consulta inteira. A falta sem aviso prévio é mais grave, pois demonstra desconsideração pelo profissional e pelos outros pacientes que necessitavam da consulta naquele dia. Pacientes que não puderem comparecer devem cancelar a consulta o mais cedo possível. Quando o dentista está atrasado, ele sabe disso, mas tem que fazer seu trabalho procurando o melhor para o peciente. Se por qualquer razão, o cliente não puder esperar mais, é melhor remarcar a consulta para outro dia.
As clínicas podem tornar o tempo de espera mais agradável tendo revistas variadas e atualizadas, jornais do dia, banheiro à disposição, cadeiras confortáveis, ambiente fresco e arejado, televisão, água e cafezinho... estes são alguns itens que tornam a espera menos angustiante.
O respeito e o diálogo profissional/paciente são essenciais para driblar as situações difíceis, incluindo os "15 minutinhos"...
O tempo de agendamento de uma consulta envolve inúmeros fatores os quais incluem o tipo e a quantidade de procedimentos a serem realizados, a velocidade média com a qual o profissional executa seus tratamentos, além de peculiariedades como atendimento a pacientes portadores de necessidades especiais. Analisando uma consulta clínica padrão com agendamento de 30 minutos, se o paciente atrasa sua chegada ao consultório em "15 minutinhos" (tempo médio de tolerância que os profissionais dão para o cliente) as consultas seguintes serão prejudicadas. O período de 15 minutos pode parecer um intervalo mínimo e sem importância, mas levando em conta que trata-se de metade da consulta agendada,o tempo perdido é muito grande. Para pacientes que possuem convênios odontológicos a situação piora, visto que após sua chegada ao consultório o atendimento só é liberado depois que diante de posse do RG e carteira do plano, o atendente pegar a autorização do procedimento, e isto em geral é um processo burocrático que dispende mais tempo. Assim o atraso de "15 minutinhos" faz com que o paciente sente-se à cadeira do dentista com cerca de 20/25 e até 30 minutos após o horário que ele estava agendado. Assim, há invasão da consulta seguinte e cria-se uma verdadeira "bola de neve" de atrasos sequenciais. Deste modo, uma pessoa que chega pontualmente à clínica para realizar seu tratamento irá ser prejudicada, e o dentista muitas vezes acaba sendo pressionado para agilizar os procedimentos, visto que algumas pessoas ficam insatisfeitas e reclamando na recepção.
Em uma ocasião tive que me impor diante do questionamento de um paciente. Ele marcou uma consulta de 30 minutos, chegou com atraso de 25 minutos e solicitei que ela remarcasse o agendamento. Na semana seguinte ele compareceu pontualmente e eu estava atrasada. Pedi que avisassem que ele não seria atendida no horário marcado, até para que ele ficasse à vontade para remarcar sua consulta caso tivesse algum outro compromisso, e ele prontamente respondeu " muito bonito, a dentista pode atrasar e eu não". Quando ele entrou no consultório, após dar-lhe bom dia e me desculpar pelo atraso pedi que ele se sentasse para conversarmos. Prontamente expliquei a ele a diferença entre o atraso do profissional e do paciente:
=> O atraso do profissional: Particularmente eu não costumo atrasar, mas isso ocorre geralmente quando algum(ns) paciente(s) chegou(aram) atrasado(s) à consulta criando o processo "bola de neve" que expus, por aparecer algum procedimento de urgência que necessita ser encaixado na agenda profissional, ou por ter existido alguma intercorrência ao longo de procedimentos odontológicos realizados como um paciente passar mal na cadeira ou a necessidade de mudança do tratamento que demoram mais do que o previsto.
=> O atraso do paciente: O paciente tem por obrigação chegar com pelo menos 15 minutos de antecedência do horário agendado para agilizar o seu atendimento e não prejudicar as consultas dos demais clientes. Se por ventura o paciente estiver atrasado, o ideal é que ligue para o consultório para saber como agir. O horário é agendado de forma programada para que o profissional atenda o paciente da melhor forma possível; atrasos prejudicam este planejamento e isso justifica a solicitação do profissional para que seja feita a remarcação do tratamento.
Muitos pacientes, como a pessoa que questionou o meu atraso encaram como uma "injustiça" o fato do profissional poder atrasar e o paciente não. Deve ser entendido que se trata do TRABALHO do odontólogo e que gostaríamos muito que tudo corresse rigorosamente no horário, até porque também tempos compromissos. Mas diante do que foi exposto é justificável que são os cuidados com os pacientes, na grande maioria das vezes, as causas dos atrasos por parte dos profissionais e que a remarcação dos clientes demasiadamente atrasados é muitas vezes necessária para o bom funcionamento da agenda do profissional, até por respeito aos demais.
O paciente deve encarar o tempo de tolerância que os profissionais lhe dão como uma alternativa que deve ser utilizada em situações imprenscindíveis e não usar este tempo como regra. Pior que os atrasos,é quando quando o paciente perde a consulta inteira. A falta sem aviso prévio é mais grave, pois demonstra desconsideração pelo profissional e pelos outros pacientes que necessitavam da consulta naquele dia. Pacientes que não puderem comparecer devem cancelar a consulta o mais cedo possível. Quando o dentista está atrasado, ele sabe disso, mas tem que fazer seu trabalho procurando o melhor para o peciente. Se por qualquer razão, o cliente não puder esperar mais, é melhor remarcar a consulta para outro dia.
As clínicas podem tornar o tempo de espera mais agradável tendo revistas variadas e atualizadas, jornais do dia, banheiro à disposição, cadeiras confortáveis, ambiente fresco e arejado, televisão, água e cafezinho... estes são alguns itens que tornam a espera menos angustiante.
O respeito e o diálogo profissional/paciente são essenciais para driblar as situações difíceis, incluindo os "15 minutinhos"...
sábado, 10 de abril de 2010
Inclusão de procedimentos odontológicos- Quem paga a conta?
A partir do dia 7 de junho de 2010 entra em vigor a Resolução Normativa nº 211 da Agência Nacional de Saúde (ANS), de 11 de janeiro de 2010, a qual regulamenta, para contratos firmados após janeiro de 1999, a inclusão de 16 procedimentos odontológicos para as operadoras de plano de saúde, inclusive a colocação de próteses unitárias. A lista completa dos novos procedimentos odontológicos pode ser vista no link abaixo:
http://www.ans.gov.br/portal/upload/noticias/Rol_inclusoes_odonto.pdf
De acordo com o site do CFO, cerca de 12 milhões de pessoas que utilizam os planos odontológicos, ou 6% da população brasileira, serão beneficiadas com a nova norma da ANS. O que permite, teoricamente, um acesso mais globalizado ao tratamento da saúde bucal. Um dos questionamentos trazidos pela aplicação da nova norma é: quem sentirá o maior impacto diante destas inclusões?
A ANS afirma que o reajuste anual dos planos de saúde será feito em maio, e sendo antes da entrada dos procedimentos incluídos não englobará a previsão de gastos extras. Em contrapartida, o crescimento dos custos é certo e como as empresas de planos de saúde exercem atividade econômica lucrativa, a repercussão será nos bolsos do consumidor e do cirurgião- dentista credenciado.
=> Para o consumidor haverá provável aumento nos preços dos novos contratos. O que fará com que a esperada globalização não atinja toda a parcela populacional almejada pela medida do governo.
=>Como a tabela de repasse dos procedimentos odontológicos pelos convênios atualmente já é insatisfatória é certo que não haverá melhora no honorários a serem repassados.
Há grande risco também de queda na qualidade do serviço prestado, pois o profissional que se credenciar para o atendimento dificilmente irá poder recorrer ao melhor laboratório de prótese, por exemplo. Tudo isso é uma questão muito complexa, por lidar com a SAÚDE das pessoas e ao mesmo tempo envolver também o meio de SOBREVIVÊNCIA dos profissionais.
Infelizmente, é notório que no atual quadro da saúde brasileira, a função do Estado se limita a fazer regulamentações. O que acaba impondo à sociedade como única saída para se obter tratamento médico/ odontológico completo a contratação de planos de saúde privados. Desta forma o governo deixa de lado a sua função primária de fornecer as garantias mínimas de saúde pública para a sociedade.
http://www.ans.gov.br/portal/upload/noticias/Rol_inclusoes_odonto.pdf
De acordo com o site do CFO, cerca de 12 milhões de pessoas que utilizam os planos odontológicos, ou 6% da população brasileira, serão beneficiadas com a nova norma da ANS. O que permite, teoricamente, um acesso mais globalizado ao tratamento da saúde bucal. Um dos questionamentos trazidos pela aplicação da nova norma é: quem sentirá o maior impacto diante destas inclusões?
A ANS afirma que o reajuste anual dos planos de saúde será feito em maio, e sendo antes da entrada dos procedimentos incluídos não englobará a previsão de gastos extras. Em contrapartida, o crescimento dos custos é certo e como as empresas de planos de saúde exercem atividade econômica lucrativa, a repercussão será nos bolsos do consumidor e do cirurgião- dentista credenciado.
=> Para o consumidor haverá provável aumento nos preços dos novos contratos. O que fará com que a esperada globalização não atinja toda a parcela populacional almejada pela medida do governo.
=>Como a tabela de repasse dos procedimentos odontológicos pelos convênios atualmente já é insatisfatória é certo que não haverá melhora no honorários a serem repassados.
Há grande risco também de queda na qualidade do serviço prestado, pois o profissional que se credenciar para o atendimento dificilmente irá poder recorrer ao melhor laboratório de prótese, por exemplo. Tudo isso é uma questão muito complexa, por lidar com a SAÚDE das pessoas e ao mesmo tempo envolver também o meio de SOBREVIVÊNCIA dos profissionais.
Infelizmente, é notório que no atual quadro da saúde brasileira, a função do Estado se limita a fazer regulamentações. O que acaba impondo à sociedade como única saída para se obter tratamento médico/ odontológico completo a contratação de planos de saúde privados. Desta forma o governo deixa de lado a sua função primária de fornecer as garantias mínimas de saúde pública para a sociedade.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Recusa na realização de procedimentos: Infração ética?
Após uma ausência de quase dois meses no blog resolvi fazer uma postagem envolvendo um tema polêmico: Há infração ética em recusar realizar determinados procedimentos em pacientes de convênios se a clínica é credenciada para atender o plano? Iniciando a discussão é necessário explorar alguns pontos.
1)Em 1987, entidades incluindo CFO, ABO e Sindicato criaram a Comissão Nacional de Convênios e Credenciamentos - CNCC- que ficou responsável por encaminhar questões na área de convênios e credenciamentos visando atribuir uma remuneração digna à classe odontológica. Para tanto, a comissão editou uma tabela de honorários referenciais para os tratamentos atualmente denominada VRPO (Valores Referenciais para Procedimentos Odontológicos, que é ajustada de acordo com caracteristicas regionais, sendo estadual. Segue abaixo o link de acesso para o VRPO no estado da Bahia que pode ser encontrado no site do SOEBA:
http://www.soeba.com.br/vrpo_nova.pdf
2) O código de ética em Odontologia através do inciso VIII do artigo 11º frisa a importância do respeito a esta tabela:
Art. 11º. Constitui infração ética:
VIII - cobrar ou receber honorários inferiores aos da Tabela Nacional para Convênios e Credenciados ou outra que a substitua, desde que aprovada por todas as entidades nacionais da Odontologia.
3) O código aborda ainda considerações que devem ser levadas em conta na fixação dos honorários profissionais, dentre os quais destaco os incisos V e IX do artigo 10º:
Art. 10º. Na fixação dos honorários profissionais, serão considerados:
V - o tempo utilizado no atendimento;
IX - o custo operacional.
Diante destes 3 pontos vamos analisar através de um exemplo prático a questão que foi levantada quanto à recusa em realizar determinados procedimentos que são cobertos pelos convênios.
=> Restauraçoes classe II envolvendo 3 ou mais faces que um determinado convênio de Salvador repassa aos credenciados por 23,60R$ em resina(cujo valor referencial é de 110,55R$, sendo o valor repasse aproximadamente 4,68 vezes menor do que o referencial) e 19,37RS em amálgama ( valor referencial de 90,30R$ sendo 4,66 vezes maior que o repassado). Nota-se que nos dois casos o desrespeito à tabela VRPO é gritante , e há infração ao inciso VIII do artigo 11º. Levando-se em consideração o que é abordado no artigo 10º que trata da fixação dos honorários, como a restauração em resina é um procedimento que acarreta maior tempo para atendimento e seu custo operacional é maior do que o amálgama; é injusto ( ou anti- ético) não realizar as restaurações em resina e fazer o tratamento utilizando o amálgama? Ou ainda encaminhar os pacientes que desejam fazer o tratamento em resina para clínicas que se proponham a fazer o tratamento utilizando resina para todas as restaurações?
Deve-se ter em mente que no valor de um tratamento estão embutidos todos os gastos que envolvem o trabalho realizado, desde o custo do consultório com seu instrumental,energia, água, luz, telefone; materiais empregados; impostos; condomínio; despesas com funcionários; dentre outros. Dos valores que o odontólogo recebe conta-se primeiro o valor para pagamento de todos os seus gastos do consultório. O que sobra, será o seu lucro, e muitas vezes nota-se que com os valores de repasse feitos pelos convênios não há sequer cobertura dos gastos.
Desde que o paciente receba tratamento adequado e o profissional não seja negligente com sua dignidade ou saúde, ao meu ver, a recusa na realização de determinados procedimentos não pode ser vista como infração ética. Esta existiria caso não fosse mantida a qualidade técnica do tratamento ou o profissional se propusesse a receber ou cobrar remuneração adicional de cliente atendido sob convênio ou contrato.
BlogBlogs.Com.Br
1)Em 1987, entidades incluindo CFO, ABO e Sindicato criaram a Comissão Nacional de Convênios e Credenciamentos - CNCC- que ficou responsável por encaminhar questões na área de convênios e credenciamentos visando atribuir uma remuneração digna à classe odontológica. Para tanto, a comissão editou uma tabela de honorários referenciais para os tratamentos atualmente denominada VRPO (Valores Referenciais para Procedimentos Odontológicos, que é ajustada de acordo com caracteristicas regionais, sendo estadual. Segue abaixo o link de acesso para o VRPO no estado da Bahia que pode ser encontrado no site do SOEBA:
http://www.soeba.com.br/vrpo_nova.pdf
2) O código de ética em Odontologia através do inciso VIII do artigo 11º frisa a importância do respeito a esta tabela:
Art. 11º. Constitui infração ética:
VIII - cobrar ou receber honorários inferiores aos da Tabela Nacional para Convênios e Credenciados ou outra que a substitua, desde que aprovada por todas as entidades nacionais da Odontologia.
3) O código aborda ainda considerações que devem ser levadas em conta na fixação dos honorários profissionais, dentre os quais destaco os incisos V e IX do artigo 10º:
Art. 10º. Na fixação dos honorários profissionais, serão considerados:
V - o tempo utilizado no atendimento;
IX - o custo operacional.
Diante destes 3 pontos vamos analisar através de um exemplo prático a questão que foi levantada quanto à recusa em realizar determinados procedimentos que são cobertos pelos convênios.
=> Restauraçoes classe II envolvendo 3 ou mais faces que um determinado convênio de Salvador repassa aos credenciados por 23,60R$ em resina(cujo valor referencial é de 110,55R$, sendo o valor repasse aproximadamente 4,68 vezes menor do que o referencial) e 19,37RS em amálgama ( valor referencial de 90,30R$ sendo 4,66 vezes maior que o repassado). Nota-se que nos dois casos o desrespeito à tabela VRPO é gritante , e há infração ao inciso VIII do artigo 11º. Levando-se em consideração o que é abordado no artigo 10º que trata da fixação dos honorários, como a restauração em resina é um procedimento que acarreta maior tempo para atendimento e seu custo operacional é maior do que o amálgama; é injusto ( ou anti- ético) não realizar as restaurações em resina e fazer o tratamento utilizando o amálgama? Ou ainda encaminhar os pacientes que desejam fazer o tratamento em resina para clínicas que se proponham a fazer o tratamento utilizando resina para todas as restaurações?
Deve-se ter em mente que no valor de um tratamento estão embutidos todos os gastos que envolvem o trabalho realizado, desde o custo do consultório com seu instrumental,energia, água, luz, telefone; materiais empregados; impostos; condomínio; despesas com funcionários; dentre outros. Dos valores que o odontólogo recebe conta-se primeiro o valor para pagamento de todos os seus gastos do consultório. O que sobra, será o seu lucro, e muitas vezes nota-se que com os valores de repasse feitos pelos convênios não há sequer cobertura dos gastos.
Desde que o paciente receba tratamento adequado e o profissional não seja negligente com sua dignidade ou saúde, ao meu ver, a recusa na realização de determinados procedimentos não pode ser vista como infração ética. Esta existiria caso não fosse mantida a qualidade técnica do tratamento ou o profissional se propusesse a receber ou cobrar remuneração adicional de cliente atendido sob convênio ou contrato.
BlogBlogs.Com.Br
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Sindicato X União profissional
1)"Por força de lei o Sindicato dos Odontologistas No Estado da Bahia é o ÚNICO representante da classe odontológica no Estado da Bahia, a quem cabe “a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”"
2)"O Sindicato mantém uma luta incansável na defesa dos interesses da classe, em especial nas seguintes áreas: a) Defesa do Cirurgião Dentista junto aos planos Odontológicos, reivindicando reajuste nas tabelas..."
Retirei estes dois trechos da página virtual do SOEBA. Como o sindicato se auto define como único representante da classe, foi o órgão ao qual recorri quando recebi a notícia da redução da tabela de honorários que comentei no post anterior. Para minha surpresa(?),a resposta foi que o sindicato poderia assessorar o cirurgião-dentista ASSOCIADO, e só ele, na questão, mas de qualquer forma não poderia intervir em contratos, apenas sugerir alternativas, baseando-se sobretudo no incentivo à rescisão do contrato entre o convênio e o odontólogo.
Diante da resposta, me senti de mão atadas, pois se a única entidade que supostamente poderia fazer alguma coisa, declaradamente não interveria, quem poderia fazer alguma coisa?
Lana Bleicher, em 19 de janeiro de 2010, no seu blog "O dentista e o mundo do trabalho" chamou a atenção focando num tema polêmico envolvendo sindicatos: a contribuição sindical, um imposto OBRIGATÓRIO para toda a classe (associados ao sindicato, ou não). O pagamento da taxa consta na CLT, tendo assim previsão legal, e o odontólogo inadimplente pode sofrer cobrança judicial, culminando até com suspensão do exercício profissional. Um dos meus questionamentos referentes ao tributo é o fato de 60% do seu valor ser destinado para o sindicato. Visto que este trabalha em prol dos sindicalizados(o que confirmei quando recorri à entidade num momento de necessidade), não deveria ser esta uma contribuição voluntária e não compulsória? Bom, lei é lei, mas apesar de eu ser apenas uma dentista em apuros, e não uma parlamentar, registro aqui algo que eu gostaria de questionar em plenário. Diante de tudo que expus, acredito que a resposta para "quem poderia fazer alguma coisa?" seria a UNIÃO da classe, talvez este seja o único modo de buscar solução para os problemas dos profissionais. Seguindo os velhos lemas de "a união faz a força" e "um por todos, e todos por um" quem sabe possamos alcançar o resultado esperado?
2)"O Sindicato mantém uma luta incansável na defesa dos interesses da classe, em especial nas seguintes áreas: a) Defesa do Cirurgião Dentista junto aos planos Odontológicos, reivindicando reajuste nas tabelas..."
Retirei estes dois trechos da página virtual do SOEBA. Como o sindicato se auto define como único representante da classe, foi o órgão ao qual recorri quando recebi a notícia da redução da tabela de honorários que comentei no post anterior. Para minha surpresa(?),a resposta foi que o sindicato poderia assessorar o cirurgião-dentista ASSOCIADO, e só ele, na questão, mas de qualquer forma não poderia intervir em contratos, apenas sugerir alternativas, baseando-se sobretudo no incentivo à rescisão do contrato entre o convênio e o odontólogo.
Diante da resposta, me senti de mão atadas, pois se a única entidade que supostamente poderia fazer alguma coisa, declaradamente não interveria, quem poderia fazer alguma coisa?
Lana Bleicher, em 19 de janeiro de 2010, no seu blog "O dentista e o mundo do trabalho" chamou a atenção focando num tema polêmico envolvendo sindicatos: a contribuição sindical, um imposto OBRIGATÓRIO para toda a classe (associados ao sindicato, ou não). O pagamento da taxa consta na CLT, tendo assim previsão legal, e o odontólogo inadimplente pode sofrer cobrança judicial, culminando até com suspensão do exercício profissional. Um dos meus questionamentos referentes ao tributo é o fato de 60% do seu valor ser destinado para o sindicato. Visto que este trabalha em prol dos sindicalizados(o que confirmei quando recorri à entidade num momento de necessidade), não deveria ser esta uma contribuição voluntária e não compulsória? Bom, lei é lei, mas apesar de eu ser apenas uma dentista em apuros, e não uma parlamentar, registro aqui algo que eu gostaria de questionar em plenário. Diante de tudo que expus, acredito que a resposta para "quem poderia fazer alguma coisa?" seria a UNIÃO da classe, talvez este seja o único modo de buscar solução para os problemas dos profissionais. Seguindo os velhos lemas de "a união faz a força" e "um por todos, e todos por um" quem sabe possamos alcançar o resultado esperado?
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Redução na tabela de honorários: o pesadalo vira realidade
A cada dia fico mais perplexa com a ação dos convênios odontológicos. Atitudes tomadas por estas empresas fazem com que a falta de respeito com os odontólogos beire o inacreditável.
Ao trabalharmos com convênios nos deparamos com diversos inconvenientes:
1) No topo da lista, sem sombra de dúvidas, a baixa remuneração dos serviços odontológicos;
2) Tempo de até dois meses para repasse do faturamento;
3)Glosas e mais glosas, muitas das quais são injustificáveis, como alegar que não foi enviada a radiografia final que comprova a execução do tratamento, e quando o dentista vai checar, pasmem(!) o rx está anexo na ficha, mas os peritos do convênio "não viram";
4)Atrasos no atendimento aos pacientes devido a demora no fornecimento das autorizações.
Todos estes fatores dificultam muito a vida dos profissionais e fazem com que o trabalho seja compatível com uma guerra declarada com três combatentes em campo: paciente, dentista e convênio. Os dois primeiros acabam perdendo nesta batalha. O paciente por dificilmente ter um contato verbal maior com o profissional, visto que este acaba usando o tempo com o cliente basicamente para concluir o tratamento, perdendo-se assim a chance de um vínculo mais pessoal na relação dentista/paciente. O Odontólogo tem que trabalhar incessantemente visando o retorno financeiro o que em se reflete em menor qualidade de vida. O convênio é o único que tem a lucrar nesta relação, tendendo a formar empresas gigantes cuja valorização pode ser claramente observada com o preço de suas ações no mercado financeiro, que em alguns casos superam até mesmo a de multinacionais consagradas há muito tempo.
A formação de uma dessas gigantes fez com que ocorresse o que eu achei ser improvável. Há um mês, um dos convênios que mais têm associados em Salvador comunicou às clinicas credenciadas que em virtude da fusão com empresas menores seria feito um reajuste em sua tabela de honorários que passaria a ser unificada. Para a surpresa e revolta dos credenciados houve REDUÇÃO nos valores de repasse dos procedimentos. Depois disso me pergunto: esta situação de desrespeito tem como piorar? Eu achava que não, mas como o inacreditável aconteceu não duvido de mais nada... E você?
Ao trabalharmos com convênios nos deparamos com diversos inconvenientes:
1) No topo da lista, sem sombra de dúvidas, a baixa remuneração dos serviços odontológicos;
2) Tempo de até dois meses para repasse do faturamento;
3)Glosas e mais glosas, muitas das quais são injustificáveis, como alegar que não foi enviada a radiografia final que comprova a execução do tratamento, e quando o dentista vai checar, pasmem(!) o rx está anexo na ficha, mas os peritos do convênio "não viram";
4)Atrasos no atendimento aos pacientes devido a demora no fornecimento das autorizações.
Todos estes fatores dificultam muito a vida dos profissionais e fazem com que o trabalho seja compatível com uma guerra declarada com três combatentes em campo: paciente, dentista e convênio. Os dois primeiros acabam perdendo nesta batalha. O paciente por dificilmente ter um contato verbal maior com o profissional, visto que este acaba usando o tempo com o cliente basicamente para concluir o tratamento, perdendo-se assim a chance de um vínculo mais pessoal na relação dentista/paciente. O Odontólogo tem que trabalhar incessantemente visando o retorno financeiro o que em se reflete em menor qualidade de vida. O convênio é o único que tem a lucrar nesta relação, tendendo a formar empresas gigantes cuja valorização pode ser claramente observada com o preço de suas ações no mercado financeiro, que em alguns casos superam até mesmo a de multinacionais consagradas há muito tempo.
A formação de uma dessas gigantes fez com que ocorresse o que eu achei ser improvável. Há um mês, um dos convênios que mais têm associados em Salvador comunicou às clinicas credenciadas que em virtude da fusão com empresas menores seria feito um reajuste em sua tabela de honorários que passaria a ser unificada. Para a surpresa e revolta dos credenciados houve REDUÇÃO nos valores de repasse dos procedimentos. Depois disso me pergunto: esta situação de desrespeito tem como piorar? Eu achava que não, mas como o inacreditável aconteceu não duvido de mais nada... E você?
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Lapidando a porta de entrada
A recepção de uma clínica odontológica tem um grande papel na conquista e manutenção dos pacientes. Desajustes neste rol de entrada podem levar por água abaixo todo o trabalho do odontólogo, por mais bem quisto que ele seja por seu cliente.
Obviamente, a função de um recepcionista é receber bem aquele que chega. Todo paciente espera ser recepcionado de forma agradável, e o comportamento do dentista deve ser uma extensão do que se inicia na sala da recepção.
Certa feita passei por uma situação muito desagradável que ilustra perfeitamente como uma falha na recepção pode prejudicar todo o relacionamento cirurgião-dentista/paciente. Como a primeira paciente da manhã já me aguardava, iniciei meu trabalho às 08:30h pontualmente. Atendi os três primeiros clientes de 08:30h, 09:00h e 09:30h sem problemas, e às 10:00h a recepção avisou que a paciente de 10:30 havia chegado, mas o de 10:00h não. Às 10:15h perguntei novamente sobre o paciente de 10:00h e a auxiliar me falou que ele não havia chegado. Visto que a tolerância de espera de 15 minutos havia se encerrado comecei a atender o paciente de 10:30h, encerrando seu tratamento às 11:00h. Eu já ia chamar a pessoa do horário quando a auxiliar me falou que os pacientes de 10:00 e 11:00h horas estavam me aguardando. Neste momento não entendi nada! Perguntei a acd o que havia acontecido, e pra minha surpresa ela disse que a paciente de 10:00h havia chegado no horário, mas que a recepção so havia dito isso às 11:00h. Interfonei para a recepção e uma das recepcionistas disse que "tinham" avisado que a paciente havia chegado na hora que ela chegou ao consultório, questionei quem avisou, e ela disse que não sabia, que não se lembrava qual das duas recepcionistas havia feito o comunicado. A outra funcionária estava transitando pela clínica, ouviu a minha conversa, veio até o meu boxe de atendimento e ditou o mesmo texto que sua colega. Complexo entender como haviam comunicado a presença da paciente, mas não lembravam qual das duas tinha dado o recado e muito menos quem foi o interlocutor. Além disso, a recepcionista se dirigiu a mim com extrema arrogância, peculiariedade que outros odontólogos da clínica já haviam se queixado, e iniciou comigo uma verdadeira discussão com voz num tom bem alterado. Àquela altura eu já estava irritada o bastante e, erroneamente, respondi na mesma entonação que ela. Expus que era um absurdo duas recepcionistas esquecerem de avisar a chegada da paciente e não assumirem o erro. Infelizmente a cliente escutou trechos do bate boca e entendeu que eu não queria atendê-la, se retirou do consultório, retornando um tempo depois portando uma carta destinada à direção da clínica expressando seu mal estar.
Levei o caso aos membros da administração da clínica que posteriormente me comunicaram que após conversar com as recepcionistas ficou comprovado que eu não tive culpa e elas assumiram que esqueceram de avisar que a paciente havia chegado.
Mesmo com esta "absolvição" tive um enorme desgaste que me deixou muito reflexiva. Sempre tratei muito bem todos os funcionários dos locais que trabalho. Mas diante da postura daquela recepcionista me questiono até que ponto devo pensar numa empresa como uma espécie de família. Lógico que o bom convívio é fundamental no ambiente de trabalho, mas deve ser assimilado que ele não se fundamenta em relações afetivas. Assim, deve haver uma postura de certo distanciamento, que minimize a intimidade para dificultar a ocorrência de discussões, comuns entre família e amigos. Os pontos de atrito precisam ser resolvidos num nível mais objetivo e ser racional é fundamental, evitando-se ao máximo brigas em tom acalorado(mas haja sangue de barata!).
Esta passagem retrata, ainda, claramente como a imagem do profissional pode ficar manchada por um problema que teve origem fora da sua alçada. Em um consultório é necessário que exista uma parceria, um trabalho em equipe e uma falha em qualquer ponto pode comprometer toda a estrutura.
Obviamente, a função de um recepcionista é receber bem aquele que chega. Todo paciente espera ser recepcionado de forma agradável, e o comportamento do dentista deve ser uma extensão do que se inicia na sala da recepção.
Certa feita passei por uma situação muito desagradável que ilustra perfeitamente como uma falha na recepção pode prejudicar todo o relacionamento cirurgião-dentista/paciente. Como a primeira paciente da manhã já me aguardava, iniciei meu trabalho às 08:30h pontualmente. Atendi os três primeiros clientes de 08:30h, 09:00h e 09:30h sem problemas, e às 10:00h a recepção avisou que a paciente de 10:30 havia chegado, mas o de 10:00h não. Às 10:15h perguntei novamente sobre o paciente de 10:00h e a auxiliar me falou que ele não havia chegado. Visto que a tolerância de espera de 15 minutos havia se encerrado comecei a atender o paciente de 10:30h, encerrando seu tratamento às 11:00h. Eu já ia chamar a pessoa do horário quando a auxiliar me falou que os pacientes de 10:00 e 11:00h horas estavam me aguardando. Neste momento não entendi nada! Perguntei a acd o que havia acontecido, e pra minha surpresa ela disse que a paciente de 10:00h havia chegado no horário, mas que a recepção so havia dito isso às 11:00h. Interfonei para a recepção e uma das recepcionistas disse que "tinham" avisado que a paciente havia chegado na hora que ela chegou ao consultório, questionei quem avisou, e ela disse que não sabia, que não se lembrava qual das duas recepcionistas havia feito o comunicado. A outra funcionária estava transitando pela clínica, ouviu a minha conversa, veio até o meu boxe de atendimento e ditou o mesmo texto que sua colega. Complexo entender como haviam comunicado a presença da paciente, mas não lembravam qual das duas tinha dado o recado e muito menos quem foi o interlocutor. Além disso, a recepcionista se dirigiu a mim com extrema arrogância, peculiariedade que outros odontólogos da clínica já haviam se queixado, e iniciou comigo uma verdadeira discussão com voz num tom bem alterado. Àquela altura eu já estava irritada o bastante e, erroneamente, respondi na mesma entonação que ela. Expus que era um absurdo duas recepcionistas esquecerem de avisar a chegada da paciente e não assumirem o erro. Infelizmente a cliente escutou trechos do bate boca e entendeu que eu não queria atendê-la, se retirou do consultório, retornando um tempo depois portando uma carta destinada à direção da clínica expressando seu mal estar.
Levei o caso aos membros da administração da clínica que posteriormente me comunicaram que após conversar com as recepcionistas ficou comprovado que eu não tive culpa e elas assumiram que esqueceram de avisar que a paciente havia chegado.
Mesmo com esta "absolvição" tive um enorme desgaste que me deixou muito reflexiva. Sempre tratei muito bem todos os funcionários dos locais que trabalho. Mas diante da postura daquela recepcionista me questiono até que ponto devo pensar numa empresa como uma espécie de família. Lógico que o bom convívio é fundamental no ambiente de trabalho, mas deve ser assimilado que ele não se fundamenta em relações afetivas. Assim, deve haver uma postura de certo distanciamento, que minimize a intimidade para dificultar a ocorrência de discussões, comuns entre família e amigos. Os pontos de atrito precisam ser resolvidos num nível mais objetivo e ser racional é fundamental, evitando-se ao máximo brigas em tom acalorado(mas haja sangue de barata!).
Esta passagem retrata, ainda, claramente como a imagem do profissional pode ficar manchada por um problema que teve origem fora da sua alçada. Em um consultório é necessário que exista uma parceria, um trabalho em equipe e uma falha em qualquer ponto pode comprometer toda a estrutura.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Limonada nada doce
Ouvi de uma pessoa que eu acabara de conhecer , e havia lido os relatos que postei anteriormente no blog, que eu deveria me especializar. Parei e pensei mais uma vez o quão importante seria o aprimoramento específico na minha carreira. Este questionamento desde sempre esteve presente.
Certa vez uma professora de Ortodontia, ainda na faculdade, me falou da importância de uma pós-graduação, mais especificamente da detenção de um título. Lembro bem dela afirmando que o ideal seria fazer uma especialização e não um curso de aperfeiçoamento, justamente pelo primeiro trazer um certificado de maior validade. A minha vontade era de terminar a faculdade e de imediato adentrar num curso que me trouxesse este título, mas sempre fui muito atenta às dicas dos mestres e também registrei cuidadosamente um outro conselho, que ia de encontro justamente a esta minha pressa. Um professor de Endodontia sugeriu que antes de eu iniciar uma pós- graduação deveria começar a trabalhar, por dois motivos:
1)Ganharia aprimoramento técnico, o que comumente chamamos de “mão”, que faria com que eu tivesse maior domínio, não só teórico, mas prático do que eu estava fazendo, o que consequentemente levaria a um maior aproveitamento do curso;
2)A prática diária deixaria mais claro que ramo eu teria maior aptidão para me especializar, pois muitas vezes um recém-formado acredita gostar de todas as áreas, escolher uma para se aprimorar pode ser tarefa das mais árduas.
Durante a graduação eu sentia uma grande afinidade com a Endodontia. Participei de uma seleção que me levou a ser monitora na área, escolhi o campo para meu trabalho de conclusão de curso, o qual tive a felicidade de ser publicado numa revista científica, e após a formatura consegui a maioria dos meus empregos justamente por fazer tratamentos endodônticos. No entanto alguns obstáculos relacionados à Endodontia surgiram com o passar do tempo. Desde sempre aprendi que a nesta especialidade a pressa é inimiga da perfeição, assim sempre fiz os tratamentos com muita cautela marcando sessões de 1 hora para cada paciente e dificilmente finalizando os casos em sessão única. Entendo como immprescindível o respeito à microbiologia dos canais radiculares, o que leva á necessidade de uso de medicação nos dentes em alguns casos. Lembro de um tratamento em que o paciente tinha um dente portador de necrose pulpar com lesão o que me levou a realizar trocas de medicação intracanal incessantemente em intervalos quinzenais por 6 meses! O detalhe é que o paciente tinha um convênio odontológico que autorizava no máximo 3 sessões de trocas medicamentosas. Por respeito à pessoa que eu estava tratando e a ética profissional não levei em consideração a questão financeira, apesar de saber que em situações como esta nos deparamos perfeitamente com a degradação e desvalorização profissional, aonde literalmente pagamos para trabalhar. Além destas particularidades as faltas dos pacientes eram constantes e como os horarios eram longos, a falta de um paciente significava 1 hora de cadeira perdida. Diante disso eu via que fazer um investimento de especialização em Endodontia teria validade apenas se eu fosse trabalhar exclusivamente com pacientes particulares ou com convênios que pagassem valores justos e reconhecessem as necessidades de cada terapia, o que na prática não ocorre.
Um outro percalço que surgiu foi o alto custo dos cursos de especialização. Na Odontologia uma pós-graduação custa mensalmente em média 1.300 R$ por cerca de 2 anos, além do investimento em materiais, como livros e instrumentais, durante o tempo de estudos. Diante do que eu passei a ver no mercado de trabalho passei a desconfiar que não valeria a pena investir tão alto.
A troca de experiências profissionais é sempre de grande valia. Duas conversas que tive com diferentes colegas de trabalho foram decisivas para que eu decidisse não fazer uma pós-graduação. Numa delas eu estava recém-formada e perguntei a uma profissional com 10 anos de estrada o que havia mudado para ela neste tempo de trabalho. A minha decepção foi tamanha quando ouvi que tudo permanecia estático, que a situação dela não era muito diferente da minha que havia acabado de concluir o curso. Num outro momento conversei com uma especialista em Endodontia e fiquei surpresa quando falávamos de honorários, e ela me disse a quantia que havia recebido naquele mês. Apesar de trabalharmos na mesma clínica, os mesmos turnos, a endodontista havia ganho três vezes menos do que eu que ali fazia a parte de clínica geral.
Não desmereço a importância de investir numa pós –graduação, mas acho que não podemos acreditar que as portas do paraíso se abrirão após subir este degrau. Muitos fatores estão envolvidos nesta fórmula de sucesso, inclusive sorte. Às vezes só estamos começando a descascar o limão para fazer uma limonada e é necessário ter ciência de que ela pode ficar muito saborosa equilibrando o azedo e o doce, mas há risco de azedar ou ficar adocicada demais.
Certa vez uma professora de Ortodontia, ainda na faculdade, me falou da importância de uma pós-graduação, mais especificamente da detenção de um título. Lembro bem dela afirmando que o ideal seria fazer uma especialização e não um curso de aperfeiçoamento, justamente pelo primeiro trazer um certificado de maior validade. A minha vontade era de terminar a faculdade e de imediato adentrar num curso que me trouxesse este título, mas sempre fui muito atenta às dicas dos mestres e também registrei cuidadosamente um outro conselho, que ia de encontro justamente a esta minha pressa. Um professor de Endodontia sugeriu que antes de eu iniciar uma pós- graduação deveria começar a trabalhar, por dois motivos:
1)Ganharia aprimoramento técnico, o que comumente chamamos de “mão”, que faria com que eu tivesse maior domínio, não só teórico, mas prático do que eu estava fazendo, o que consequentemente levaria a um maior aproveitamento do curso;
2)A prática diária deixaria mais claro que ramo eu teria maior aptidão para me especializar, pois muitas vezes um recém-formado acredita gostar de todas as áreas, escolher uma para se aprimorar pode ser tarefa das mais árduas.
Durante a graduação eu sentia uma grande afinidade com a Endodontia. Participei de uma seleção que me levou a ser monitora na área, escolhi o campo para meu trabalho de conclusão de curso, o qual tive a felicidade de ser publicado numa revista científica, e após a formatura consegui a maioria dos meus empregos justamente por fazer tratamentos endodônticos. No entanto alguns obstáculos relacionados à Endodontia surgiram com o passar do tempo. Desde sempre aprendi que a nesta especialidade a pressa é inimiga da perfeição, assim sempre fiz os tratamentos com muita cautela marcando sessões de 1 hora para cada paciente e dificilmente finalizando os casos em sessão única. Entendo como immprescindível o respeito à microbiologia dos canais radiculares, o que leva á necessidade de uso de medicação nos dentes em alguns casos. Lembro de um tratamento em que o paciente tinha um dente portador de necrose pulpar com lesão o que me levou a realizar trocas de medicação intracanal incessantemente em intervalos quinzenais por 6 meses! O detalhe é que o paciente tinha um convênio odontológico que autorizava no máximo 3 sessões de trocas medicamentosas. Por respeito à pessoa que eu estava tratando e a ética profissional não levei em consideração a questão financeira, apesar de saber que em situações como esta nos deparamos perfeitamente com a degradação e desvalorização profissional, aonde literalmente pagamos para trabalhar. Além destas particularidades as faltas dos pacientes eram constantes e como os horarios eram longos, a falta de um paciente significava 1 hora de cadeira perdida. Diante disso eu via que fazer um investimento de especialização em Endodontia teria validade apenas se eu fosse trabalhar exclusivamente com pacientes particulares ou com convênios que pagassem valores justos e reconhecessem as necessidades de cada terapia, o que na prática não ocorre.
Um outro percalço que surgiu foi o alto custo dos cursos de especialização. Na Odontologia uma pós-graduação custa mensalmente em média 1.300 R$ por cerca de 2 anos, além do investimento em materiais, como livros e instrumentais, durante o tempo de estudos. Diante do que eu passei a ver no mercado de trabalho passei a desconfiar que não valeria a pena investir tão alto.
A troca de experiências profissionais é sempre de grande valia. Duas conversas que tive com diferentes colegas de trabalho foram decisivas para que eu decidisse não fazer uma pós-graduação. Numa delas eu estava recém-formada e perguntei a uma profissional com 10 anos de estrada o que havia mudado para ela neste tempo de trabalho. A minha decepção foi tamanha quando ouvi que tudo permanecia estático, que a situação dela não era muito diferente da minha que havia acabado de concluir o curso. Num outro momento conversei com uma especialista em Endodontia e fiquei surpresa quando falávamos de honorários, e ela me disse a quantia que havia recebido naquele mês. Apesar de trabalharmos na mesma clínica, os mesmos turnos, a endodontista havia ganho três vezes menos do que eu que ali fazia a parte de clínica geral.
Não desmereço a importância de investir numa pós –graduação, mas acho que não podemos acreditar que as portas do paraíso se abrirão após subir este degrau. Muitos fatores estão envolvidos nesta fórmula de sucesso, inclusive sorte. Às vezes só estamos começando a descascar o limão para fazer uma limonada e é necessário ter ciência de que ela pode ficar muito saborosa equilibrando o azedo e o doce, mas há risco de azedar ou ficar adocicada demais.
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